terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O natal mais triste de sempre...

Para uma apaixonada pelo natal como eu sou, o meu entusiasmo este ano foi diminuindo à medida que me aproximava do dia 24 de Dezembro.
Eu sei que as publicações andam escassas por aqui, eu sei, mas hoje venho falar do meu natal.
Desde que tenho memória este foi o natal mais triste e emocional que tive.
Andava tão distraída com os imensos jantares de natal e os amigos secretos, a escolha das prendas, os preparativos para a ceia de natal que quando chegou o dia 24 e tudo já estava preparado e arrumado, foi só aí que me caiu a ficha.
10h da manhã, olhei para o relógio. Há um ano atrás já devias ter chegado, perguntavas pelos bolos de bacalhau, acho que era a coisa que mais gostavas de comer no natal: Bolos de bacalhau.
Este ano não houve bolos de bacalhau na mesa de natal. Este ano não estiveste na mesa de natal, a rir, a cantar e contar as tuas histórias. A minha mãe teve de beber o tradicional vinho abafado sozinha com lágrimas nos olhos, já que eras o único que a acompanhava.
Meu querido avô, ainda o dia não ia a meio e já estava a ser o natal mais triste de sempre.
Já a meio da tarde ouviram-se gritos, muitos gritos lá fora. Gritos de desespero, como os gritos que a minha mãe ecoou quando partiste. Percebi que vinham dos meus vizinhos, que por acaso são também os meus tios e primos. Ouvia a minha tia a gritar pelo nome da minha prima de uma forma tão trágica. Sem perceber o que se estava a passar corri para casa deles.
A minha tia chorava e gritava deitada na varanda, a medo entrei a correr em casa e vi a minha querida prima deitada no chão, inanimada, depois de uma convulsão. O meu tio com lágrimas nos olhos, os vizinhos a correr para ajudar, a minha tia aos gritos, uma outra vizinha aos berros com o 112, e eu ajoelhada ao lado dela, sem saber o que fazer, completamente paralisada a vê-la ali pálida e sem reacção, sem saber como ajudar. Foram os minutos mais longos de sempre. Finalmente começou a abrir os olhos, completamente perdida não sabia onde estava, não sabia falar, dizia coisas sem sentido.
Não reconhecia ninguém, apenas a mim e ao pai.
Quando o inem chegou tudo se acalmou e foi levada para o hospital.Felizmente tudo correu pelo melhor.
Depois deste tumulto, finalmente acalmei e fui para casa. Quando lá cheguei tinha o meu pai deitado no sofá com 38,5º de febre.
Percebi nesse momento que este natal não ia ter nada de bom.
E pouco teve.
Dia 25, depois do almoço com os tios, tivemos direito a uma visita às urgências por causa da gripe agressiva do meu pai.
Foi um natal horrível por todos os motivos mencionados.
Mas sem ti avô, acho que nunca voltará a ser um natal tão especial como antes era.  

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