terça-feira, 9 de agosto de 2016

Diário de uma estagiária #2

Eu nunca pensei ter sentimentos tão contrários em relação ao meu estágio curricular.
Como vocês sabem, eu estava numa instituiçao hospitalar a estagiar, e de repente, sem mais nem menos surgiu uma proposta numa área que eu  realmente queria explorar (área automovel). Desisti do primeiro estágio e vim para a empresa onde estou agora.

Nunca pensei aprender tanto, juro, eu aprendi tanto!  Eu aprendi mais numa semana aqui do que no mês em que estive a estagiar no hospital. A nivel, teórico/prático e a nivel pessoal. Eu aprendi muito. Agradeço muito a todas as pessoas que me ensinaram tudo o que aprendi e ainda estou a aprender aqui.

Mas depois há o lado negativo, se por um lado eu aprendi muito, e sei que este foi o estágio ideal para eu crescer, por outro lado foram dos meses mais dificeis de sempre. Para além de todas as questões a nivel pessoal que ocorreram a par deste estágio (perda do meu avô, uma péssima época de exames, os meus pais à beira do esgotamento pessoal, ver os meus amigos a combinarem saídas e férias e eu simplesmente sem poder fazer nada, etc.) tive que trabalhar com pessoas com uma forma de estar muito diferente do que estou habituada.

Passava dias no trabalho em que ninguém falava para mim, até ao dia de hoje ninguém neste trabalho me conhece, sabe de onde sou, ou da fase complicada que estou a passar, porque ninguém aqui tem interesse em ninguém, aqui só se fala de trabalho e ponto. Almoço quase sempre sozinha e a más horas, há dias em que simplesmente não almoço. O meu superior ensinou-me muito e nunca foi mal educado comigo, mas é uma autentica besta quadrada para quase todos os funcionários. Eu sou uma simples estagiária, estou aqui a trabalhar para aprender, não estou a receber nada além de conhecimento, e por isso sei que ele nunca me iría tratar mal. Mas, e se eu fosse funcionária dele? Penso que a forma como me trata mudaría. Como referi nunca me tratou mal, mas fico muito incomodada pela forma como trata os restantes funionários, muito mesmo.

Houve dias em que fazia o caminho do autocarro todo para o trabalho a chorar, e quando regressava a casa, ia o caminho todo a chorar outra vez.
Houve dias que não me apetecia estar lá. Mas depois havia dias em que sabia que aquilo tudo era uma lição. Uma lição de vida. Sabem, eu fiz praxe, e sou totalmente a favor desta, em praxe dizemos muitas vezes que a praxe nos prepara para o mundo do trabalho, mas nada nos prepara para isto. A praxe é dura? A praxe é um mar de rosas comparada com o mundo do trabalho.


Falta um mês para o meu estágio acabar. A semana passada, aqui na empresa, perguntaram-me exactamento o dia em que o meu estágio acabava e pediram-me para enviar o meu curriculo actualizado. Ainda é muito cedo para perceber se no fim do estágio me farão alguma proposta ou não, mas sinceramente, a minha felicidade é muito importante, e se a nivel profissional esta área de trabalho me deixa muito feliz, a nivel pessoal as condições que me oferecem são miseráveis, e sinto-me tão mal em estar aqui. Não sei o que posso valorizar mais, sou uma miuda e não me posso dar ao luxo de ser esquisita com o trabalho que me aparece.
Mas foda-se, não sou feliz a trabalhar com pessoas assim. 

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